quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Web Encabulado parte 2



Capitulo 2


                -O café está pronto?
                -Claro, vai querer torradas? – perguntou meu pai levantando o pacote.
                -Não, obrigado.
                Peguei a xicara de café, não estava com fome, mais sempre adorei tomar café. Meu pai já estava usando seu uniforme, ele era policial, acordava cedo todos os dias, o que não era muito bom, já que a casa era muito pequena e eu sempre acabava acordando também. Na ultimas semanas tive uma vida muito boa, pernas para cima, vídeo - games, pizza, esteira, umas voltas de carro, e passeios pela cidade com meu pai, que conhece absolutamente todo mundo de Village Wood.                                                                                                                                                               Tinha que planejar o que fazer essa semana, já que Village Wood era praticamente só mato.
                -Ben, filho, acho que devia começar a se preparar para ir a escola, já faz duas semanas, e está no meio do ano letivo, não quero que perca tanta aula, e mais tarde as férias virão mesmo então...
                -Mas faz tão pouco tempo – fiz uma cara que ele não deve ter gostado muito – Fala sério pai, a mamãe nunca me deixa faltar. Só estou aproveitando.
                -Bem, eu não sou sua mãe, não vou pegar tão pesado. Mais isso não significa que vai virar um vagabundo morando comigo.
                -Ok – não iria retrucar mais minha vida boa havia acabado. De volta a escola.
                - Se quiser uma carona, passo aqui em meia hora com a viatura.
                -Tudo bem. Vou me aprontar.
                Um fato que eu havia me esquecido, o uniforme, nas escolas de Village Wood, é obrigatório o uso deles, não há nada mais ridículo que uniformes. Principalmente aqueles engomadinhos. Eu não possuía nenhum uniforme, e tão pouco material, e se quer sabia onde iria estudar mais meu pai devia ter pensado nisso. No mínimo iria estudar na escola publica. Um fato sobre aquele lugar, Village Wood era uma cidade minúscula, em termos comerciais e desenvolvimento, ficava no meio do nada, cercada por mato e repleta de bosques, o lugar perfeito para contas recheada de políticos, e milionários que queiram uma vida tranquila, não acontecia muita coisa por lá, não pelo menos aparentemente.

Esperei na entrada por uns cinco minutos, papai estava um pouco atrasado, coloquei uma camiseta branca de meia manga, com dois botões que quando abertos davam uma gola V a blusa, um jeans e tênis, a roupa mais comum e adaptável que eu imaginei para ir para a escola, principalmente quando todos estariam usando um uniforme.
Entrei no carro, fechei a porta, que bateu com um pouco mais de força do que eu desejava.
-Então, será a escola publica certo?
-Sim. Mais afinal – disse meu pai enquanto fazia uma curva, junto com o carro – É a única escola de Village Wood.
-E os filhos dos ricos que não aceitam a “imagem” que passam estudando em escolas públicas – perguntei ironizando.
-Tutores particulares são bem comuns por aqui.
-Isso é ridículo – o carro parou assim que falei, estávamos na frente da escola - Vem me buscar que horas -  perguntei saindo do carro.
-Sinto muito, mas não venho, estamos investigando um caso, não devo chegar tão cedo em casa – disse dando a partida e saindo rua a fora.
-Tudo bem – falei, mais ele já não estava mais lá para me ouvir – É. La vou eu.
Corri o pátio de grama na frente da escola, a escola era bem maior que a minha antiga, o que era estranho já que Village Wood era um ovo, literalmente.
Não pude evitar de reparar que causei um pouco ao atravessar o pátio, afinal eu era o garoto novo que não tinha uniforme. E, não sei se sou eu mais, todo mundo naquele parecia não ver a luz do sol, não eram necessariamente brancos, mais sim, pálidos. Eu não era necessariamente moreno, na verdade era branco, mais sempre peguei um bom sol e uma praia onde morava, mais aqui, aqui é diferente, acho que as arvores, a maioria pinheiro, principalmente as dos bosques envolta da cidade, deixavam os habitantes de Village Wood um pouco sem a luz do sol.
Mais algo me chamou mais atenção que isso, cabelos castanhos deviam der moda, havia muitas pessoas com cabelos castanhos. Mais acima de tudo isso, os uniformes, um tanto fora do padrão para uma escola, mais quem ia reclamar, eram os uniformes mais sexys que eu já havia visto na minha vida. Saias pregadas, que terminavam na metade da coxa das meninas, uma blusa branca formal, um casaco – ou será um colete? – cor bege.  
O uniforme dos meninos era parecido, calças beges, com o casaco formal da mesma cor, blusa branca engomada, e uma gravata marrom, e tinha umas com cor vinho, ou será que as marrons eram desbotadas? Não me importa, não conseguia de parar de olhar para aquele uniforme. Para as pernas, especificamente. Der repente, estudar em uma escola publica, que nunca foi uma má ideia, pareceu a melhor coisa do mundo.
Passei pela porta de entrada, a escola tinha um estilo meio que medieval, era um prédio bem antigo. Como tudo por aqui. A porta grande e vermelha. E o sinal ficava logo em cima, bateu logo que passei, imediatamente, todos os alunos sentados na grama, encostados nos carros, e espalhados pelo campus, entraram correndo, é, parece que pontualidade é algo muito respeitado por aqui, pena que eu não sou pontual.
Fui quase atropelado no corredor, não demorou mais que cinco minutos para estarem todos na sala de aula. Fiquei sentado no banco na frente da secretaria, que estava com uma placa de volto em vinte minutos na porta, os vinte minutos não pareceram muito. Na verdade, passaram voando.
Entrei junto com uma moça, a secretaria, que não podia ser mais clichê, era “ acima do peso” .
-Bom dia, o que deseja? – perguntou ela, se endireitando em sua cadeira.
-Bom dia – entreguei um papel, que me pai havia me entregado antes que eu saísse do carro.
-Aluno novo – ela suspirou – Seja bem vindo sr .Davis.
                -Obrigado – falei meio sem graça, odiava formalidade. E ainda mais ser chamado pelo sobrenome.
-Me traga alguns documentos, pega mais tarde a lista aqui. Tem um mês para entregar tudo.
-Tudo bem – falei abrindo um meio sorriso.
-Seu horário, você pode pegar com a sua guia. O uniforme ela ira te mostrar onde conseguir, e vai te mostrar tudo. As aulas extras curriculares não acrescentam na nota das matérias principais e regentes, a aula de educação física é obrigatória a não ser que tenha um atestado carimbado pelo médico e aprovado pela reitoria, pelo menos uma atividade extra é obrigatório, não temos mais vagas para o clube de futebol americano amador.                                                              A oficina de artes está recrutando, porem terá que correr para se atualizar. O ano letivo está no meio, e os professores não tem a obrigação de lhe favorecer nas notas, mais podem lhe oferecer aulas extras. O resto sua guia poderá te explicar. Inclusive seu armário.
-Guia? – era a única coisa que eu queria saber desde o inicio da explicação.
-Sim – vou dar uma olhadinha no sistema para ver o nome da sua guia – Só um momento.
-Ok – batuquei com os dedos no balcão, enquanto a moça gorda olhava no sistema.
-Emma Grimmer.
Deixei escapulir um sorriso, uma menina, é, isso é bom.
-Ok então, eu vou sentar ali no banquinho e esperar.
-Faça isso, vou chama-la.

A moça anunciou no radio que se passou pelos autofalantes da escola.
-Emma Grimmer, favor se apresentar na secretaria. Seus serviços estão sendo solicitados.
Fiquei batucando no banco, uma péssima mania, eu assumo. Até que em alguns minutos uma garota surgiu no fundo do corredor. E ela era simplesmente magnifica.
Ela tinha cabelos castanhos, como eu disse mais cedo – devia ser moda – como eu dizia, cabelos castanhos, curtos e encaracolados, era um visual moderno, mais muito bonito, muito bonito mesmo! Ela não tinha muito corpo, e nem era muito alta, mais ela era linda. Seus olhos cor mel ,ficavam perfeitos em seu rosto fino e comprido. Ela estava com um batom cor de rosa claro, e parecia ter um jeito delicado.
-Prazer, sou Emma Grimmer, e vou ser sua guia – ela riu, tinha uma risada linda – Espero que não tenha parecido tão forçado, eu penso muito antes de falar as vezes.
Ela ficou lá, em pé, me olhando com um sorriso no rosto. Espero não estar babando.















Capitulo 3



-Oi – disse ela delicadamente - Está tudo bem?
                -Claro! – me levantei rápido – Foi mal, estava meio distraído – disse colocando meu cabelo ruivo para trás.
                -Tudo bem – sorriu ela – Vamos começar o passeio?
                -Claro – como se eu fosse negar alguma coisa para Emma Grimmer – E obrigado, sabe, por ser minha guia.
                -Isso não é nada, e além do mais, qualquer coisa que me tire da aula de física é algo que merece minha total dedicação.
                -Por onde vamos começar? – perguntei enquanto seguíamos pelo corredor.
                -Vou te mostrar o campus, mais vou avisando, se prepare para andar, porque o campus é enorme.
                -Estou preparado Emma Grimmer.
                -Me chame só de Emm, é meu apelido, já acho Emma um tanto formal, imagina Grimmer.
                -É claro, Emm – caminhávamos pelo corredor.
                -A proposito – começou ela, me indicando para virar o corredor, estávamos quase perto de uma porta, era a saída, daquela ala – Como se chama, ou espera que o chame de aluno novo para sempre?

                -É claro. Foi mal, Ben – disse esticando a mão para um comprimento.
                -Só Ben?
                -Não, mais prefiro não falar, não é um nome legal.
                -Tudo bem, também não gosto de Emma – ainda estávamos parados naquela porta.
                -Emma é lindo  - falei, não era bem o que eu queria dizer, ela iria achar que eu estava dando em cima dela. Mais afinal, eu meio que... Estava.
                - Obrigada, não gosto muito mais... Gostei que você tenha gostado – ela revirou os olhos e deu um sorriso gozado – Acho que falei a palavra “gostar” nessa frase mais do que em toda minha vida.
                -Então, vamos ou não vamos? – animei.
                -Claro que sim – ela abriu a porta e passamos por ela – Essa é a ala X, como chamam os alunos.
                -Ala X?
                -É, sala da reitoria, sala dos professores, diretoria, sala de reunião de pais, sala do castigo, secretaria e sala das provas de reforço.
                -Os maiores pesadelos dos alunos.  Não queira voltar para essa ala, a não ser que seja por um motivo bom, então pode comemorar.
                -Fiquei até com medo agora – brinquei enquanto seguíamos com o nosso passeio.
                -Acontece muita coisa por aqui, coisas legais, e algumas até que não deveriam acontecer, não tem problemas, mais afinal, isso que da muito adolescente junto, mais se for pego fazendo algo errado, fique sabendo os castigos não são  moles. Mais você é aluno novo, eles tem mais tolerância no primeiro ano.
                -Não sou tão errado assim – brinquei.
                -Sei que não é.
                -Sabe? – ergui a sobrancelha.
                -É, sei. Você não me parece ser do tipo que goste de confusão, tem uma cara de levado mais, algo que possa ser domado, como um cavalo.
                -Admirável você me comparar a um cavalo.
                -Ei – ela gargalhou – Não me leve a mal, sou a apaixonada por cavalos, eu morava em uma fazenda e desde que vim para Village Wood eu  não tenho mais cavalos. Meu pai meio que se cansou deles.
                -Que pena – dei um sorriso acolhedor – Então acho que causei uma boa impressão.
                -Por quê?
                -Bom você me comparou a um cavalo, e ama cavalos, então vai me amar também – brinquei.
                Ela riu, e continuamos andando.
                -Gostei de você, é bom com piadas – sibilou ela ainda rindo.
                -Não é uma piada.
                -Tudo bem – ela enxugou uma lagrima, devido ao ataque de riso – Gosto de pessoas diretas, mais não tão diretas.
                -Tudo bem, eu vou por o pé no freio.
                -Tudo bem, quem sabe nos demos bem, e aí você pode acelerar – então isso quer dizer que ela estava me dando uma chance.
                -Já nos demos bem – falei e ela revelou um lindo sorriso.
                -Ainda não sei – disse ela colocando a mão na cintura.
                - E porque não sabe?
                -Ainda não te vi de uniforme – ela deu um tapinha no meu peito, indicando “ boa sorte”.
                -Como consigo um?
                -Uma costureira, fala que é urgente, a escola libera a verba para fazer o uniforme. Semana que vem você já está com o seu.
                Ela me entregou um envelope, o abri, e para minha surpresa tinha dinheiro.
                -É a quantia necessária para o uniforme, os livros, os sapatos, a gravata da marca especificada no envelope, e para o material básico.
                -Na minha outra escola eles não pagavam nada para os alunos.
                -Village Wood tem uma boa renda, ótima, na verdade – ela me puxou pelo braço – Mais vamos continuar.
                -É claro, “Guia” Emm.
Ela riu e virou-se para frente rápido para começar o passeio.
                -Essa é a ala das salas das exatas. Matemática e adjacentes, não gosto dessa ala – disse ela apontando para um corredor cheio de portas, o corredor era largo e não tão cumprido, tinha uns bebedouros no canto.
                Seguimos por um corredor que deu em uma ala da escola que tinha um pátio, havia muito verde, e umas escadas no outro prédio da frente, que se chegava apenas atravessando o gramado.
                -Aquele é o prédio desativado – ela apontou – Nunca tem nada lá mais não está fechado, é proibido ir lá, e todo mundo obedece.
                -Ok – concordei olhando para o prédio.
                -Aquele ali do lado, é para onde vamos – disse ela seguindo caminho para o prédio ao lado do proibido.
                - Área das matérias que levam a nossa escola ao prestigio, inglês, artes e outros. Nossos alunos são muitos criativos.
                -Não sou muito bom nisso, prefiro os números.
                -Sério? – ela olhou incrédula – Já arranjei alguém para me salvar nas próximas finais.
                -Desponha – fiz uma reverencia.
                -É o maior prédio, não vamos entrar, mais é só ficar nos corredores que são abertos, não entre nas alas numeradas, normalmente são depósitos de materiais, salas de trabalhos, salas para professores darem aulas particulares e outras funções que não nos interessam.
                -Certo.
                Estávamos passando pelos pátios em no andar de baixo, e aberto dos prédios, os famosos corredores dos armários, eram largos, abertos, sem paredes, apenas muretas que os alunos usavam de bancos, todos eram os prédios eram interligados por esses corredores de armários, que possuíam varias saidinhas para o pátio principal. Era um lugar grande e muito organizado.
                -E paramos aqui - ela deu uns tapinhas no armário – esse é o meu. O 336.
                -E o meu?
                -062. Debaixo no outro prédio. Bem perto da entrada. Tem sorte.
                -E saindo do pátio, por trás do auditório, que é ali – disse ela apontando para um grande galpão perto do primeiro prédio – Fica a quadra de basquete, o salão de jogos, o campo para o futebol americano, a área aberta para o treino das meninas da torcida, que a propósito sou uma delas – disse ela sorrindo – Vai feras! – disse ela dando um pulo, em um desses movimentos de torcida – Nosso time, os feras, não tem outras escolas em Village Wood. Então todas as competições são em outras cidades, ou com visitantes.
                -Isso parece legal.
                -É sim, e muito. O refeitório é logo aqui na frente dessa porta grande. É grande assim para conter os alunos esfomeados – disse batendo na grande porta de aço – E para que não roubem os mantimentos. E até que a comida não é tão ruim.
                -Isso é ótimo, gosto de comer – brinquei.
                -Bom acho que é o suficiente – ela tirou um papel de dentro da mochila – Esse é seu horário.
                -Química. Biologia. Física. Física... Vai ser um dia cheio.
                -Sim. Também tenho as duas ultimas de física – ela abriu um sorriso –
                - Então, nos vemos na aula de física.
                -Sim – ela apertou minha mão como uma despedida – E a proposito os lugares não são fixos, eles odeiam atrasos, a não ser que tenha uma carta. Amanha é seu primeiro dia, tente se enturmar logo, se deixar para depois vai ficar difícil, os meninos são um pouco complicados demais por aqui, não comesse pelos nerds que lancham na sala de experiências, se não nunca mais vai ter vida social – disse ela rindo – E se não se importar de ouvir assunto de menina, pode lanchar comigo e a equipe da torcida do futebol. Não nos confunda com a torcida do basquete, somo rivais.
                -Acho que devia ter anotado – entreguei a mochila dela que eu carregara por um tempo.
                -Não se preocupe se acostumará logo. Quando menos esperar estará lanchando com os feras e tomando leite da maquina, mas não seja pego.


                Estava caminhando para casa, dei uma parada em uma barraca de milk-shake que tinha na esquina da escola, fui andando bem devagar, para me familiarizar com o caminho. Infelizmente percebi, fazia apenas algumas horas que eu havia conhecido Emm, e eu estava caidinho por ela, seus olhos castanhos apertadinhos, seus braços finos e seu sorriso exagerado.
-Um milk-shake de chocolate, por favor.
O milk-shake era uma delicia, não boiava em gordura como o lá da minha antiga casa. Talvez porque aqui houvesse realmente leite, leite bom, tirado da vaca de manha nas casas de fazenda, longe do centro, se é que pode ser chamado de centro.                                                                               Peguei uns atalhos, não me perdi, o que foi maravilhoso, porque não queria ligar para o meu para dizer que estava perdido, afinal eu tinha 17 anos.                                                                                             Nesse atalho, passei em frente a delegacia, resolvi entrar. Meu pai estava em pé, em volta de uma mesa com mais dois oficiais, eles estavam com um mapa aberto e cima da mesa, também tinha um monte de papeis espalhados por todo lado, e pinos presos no mapa.
-Pai – falei me anunciando.
-Bem – disse meu pai virando-se para trás surpreso. Ele me levou para fora – O que faz aqui?
-Nada, só ia dar um oi.
-Olha estamos resolvendo uma coisa séria, muito séria. Não posso te dar atenção, porque não vai para casa – ele colocou um pouco de dinheiro no meu bolso da calça – Mais tarde come alguma coisa. Não sei que horas eu chego hoje, vamos fazer umas batidas e um monte de outras coisas.
-Tudo bem – falei seguindo caminho.
-A proposito – ele subiu os três degraus que separavam o seu departamento da calçada -  Eu falei com a senhorita Marcy que você iria jantar na casa dela, leve uma torta ou qualquer coisa que achar na padaria, e que não seja de chocolate, Holly não pode comer chocolate.
Não tive tempo de falar nada, nem contrariar nem concordar. Parece que essa era a rotina do meu pai. Para uma cidade pequena, até que um policial tinha muito trabalho.
Estava chegando ao bairro de minha casa, passei por uma padaria, entrei, e fui em busca de algo para levar para o jantar, uma torta meu pai disse. Não tinha muitas tortas, mais tinha muitos doces e balas, a torta de chocolate estava tentadora, mais por algum motivo a garota da casa da frente não podia comê-la. Uma pena, chocolate, meu doce, sobremesa, comida favorita, depois de pizza é claro.
A torta de frutas vermelhas, eu estava com um cheiro maravilhoso, mais parecia mais uma poça de sangue. Mais era a única que eu comeria além da de chocolate, então a comprei. Para uma torta até que custou bem caro.
Chegando a minha casa, coloquei a torta no forno, para que não ficasse muito gelada. Fui tomar um banho, tirara aquela roupa usada, colocar algo mais quentinho, estava esfriando. Meus pés estavam doendo de tanto andar pelo campus, a escola era grande, e dava a impressão de ser maior ainda por ser divida em prédios, mais não tinha tanto tamanho assim, os prédios só tinha dois andares cada, ao todo eram 4 prédios, e um estava desativado, e para atender a todos adolescentes de Village Wood, precisaria de um pouco mais de andares, cada um deles. Mais adorei os uniformes, a quadra de basquete e o refeitório é grande e tem muito espaço, a parte verde  era perfeita para pegar um sol, o que era raro por aqui.
Tinha que ir a uma costureira, mandar fazer meu uniforme, coloquei o envelope com o dinheiro que a escola deu, dentro da gaveta da minha cômoda. Estava de toalha amarrada na cintura quando um vento gélido entrou pela janela, fui fecha-la, a luz da casa da senhorita Marcy estava acesa.
Dei um tempo no sofá até a hora do jantar, fiquei muito tentado a comer um pedaço da torta, mais não queria fazer feio. Olhei no relógio de parede, já estava na hora, me levantei, desliguei a televisão, e peguei a torta no forno. Deixei a luz de casa acesa, como sempre fazia, era uma mania, mais não conseguia sair e deixar tudo apagado.
Desci os três degraus que me levaram ao nosso canteiro, o atravessei e atravessei a rua. E já estava na casa da família Miller, bati na porta.
Não demorou muito para senhorita Marcy abrir a porta, ela estava com um lindo sorriso no rosto e não só o sorriso ela era um mulherão. Uau. Quase deixei escapar, ela era LINDA. Quero dizer, estava bem inteira para a idade. Não me importaria de jantar mais vezes lá. Ela estava usando um jeans apertado, e uma blusa um tanto decotada, seu batom vermelhão destacavam seu rosto um tanto sensual. Ela possuía cabelos pretos na altura dos ombros, cabelos lisos jogados para trás, um caimento perfeito. Para uma mulher escultural.
-Boa noite – falei impressionado.
-Boa noite, querido – ela me puxou para dentro – vamos entrando. Estava só esperando você chegar.
-Trouce a torta – falei entregando a caixa.
Ela levantou a tampa, uma fumacinha gostosa saiu de dentro da caixa.
-Morangos – ela sorriu – O preferido da Holly. Que consideração – ela olhou meio receosa para a caixa – Vem, vamos nos servir.
Estava sentado na mesa da cozinha. Os Miller não possuíam muitas mobílias. Marcy estava tirando uma travessa do forno quando a porta bateu.
-Holly – gritou Marcy – Venha comer, Ben jantará conosco querida!
-Não estou com fome. Já comi na rua – gritou uma voz doce e aguda de volta.
-Me desculpe Bem, Holly está tendo uns problemas e... – ela cerrou o pulso e bateu sobre a bancada – Holly Miller desce já aqui e venha fazer sala para nosso convidado.
Ouvi uma batida e passos, ela desceu a escada. Eu não havia reparado mais Holly parecia uma criança de seis anos, tinha um rosto angelical, e os olhos mais incríveis do mundo, uma voz doce e um cheiro, um cheiro diferente, como um perfume que agente sente vontade de provar, porque cheirar não é o suficiente.                                                                                                                      Ela estava emburrada, seu rosto delicado estava fechado para sorrisos, ela estava com um blusão que a até os joelhos, de cor branca, o que lhe tornava um fantasma. Pense em alguém branco a ponto de ser comparado a uma folha de papel, pense em Holly. Seus cabelos estavam soltos dessa vez, e eram cumpridos e extremamente claros. Francamente Holly devia ter problemas com melanina. Isso a tornava mais parecida ainda mais com uma boneca de porcelana.                                                                                                                                                                                      Havia uma mancha vermelha bem grande cobrindo toda a barra de seu blusão.
-Holly – repreendeu Marcy ao vê-la – Deveria usar um absorvente, e não sujar suas roupas assim.
Holly arregalou os olhos, e eu ri, não deveria ter feito isso, mais foi constrangedor, e engraçado.
-Não é meu o sangue – falou ela com uma voz roca, mais ainda doce.
Fiquei um pouco assustado, como assim não era o sangue dela? Acho que ela percebeu o espanto no meu rosto e logo se explicou.
- Não quis dizer isso – ela deu um tapa de leve na testa – Derrubei uma bebida... Milk-Shake de morango.
-Não devia comer antes do jantar – repreendeu Marcy – Quantas vezes vou precisar dizer?
-Quantas vezes vou precisar dizer que não jantamos juntas – disse Holly puxando uma cadeira e se sentando com força, ela estava muito emburrada.
- Me desculpe querido – disse Marcy – É que alguém não se da bem com visitas.
Holly empurrou a mesa e se levantou, saiu andando pela sala.
-Vou sair – anunciou batendo a porta.
-Crianças – suspirou Marcy . Que voltou a comer como se nada houvesse acontecido.

Depois que terminei de comer, fiquei muito tentado em conversar com a senhorita Marcy, mais me pareceu muito errado já que ela era amiga do papai, e sei la, por algum motivo estava com a consciência pesada.
Agradeci ao jantar, e levei a sobras da torta para casa. Fechei a porta dos Miller e cruzei o jardim. Holly estava sentada na calçada. Me senti na obrigação de falar com ela.
-Oi – disse me sentando ao seu lado.
-Não precisa fazer isso – ela continuava sentada no meio fio, olhando fixo para a rua.
-Fazer o que?
-Ter pena de mim – seu rosto estava tão triste.
-Eu não estou com pena – engoli seco – Tudo bem, eu estou – olhei para - O que ouve pequena? – perguntei passando a mão no seu cabelo.
-É ela.
-Marcy parece ser uma pessoa maravilhosa – ela me olhou abismada, seus olhos se arregalaram, eram lindos olhos – Não é não ?
-Não, Ben.
Um carro estacionou poucos metros da casa dos Miller, do carro saiu um homem vestindo um terno, ele passou pela gente, como se não tivesse visto  nada, e seguiu em frente, tocou a campainha e logo foi recebido pela Marcy, que fechou a porta logo que ele entrou, a luz da casa de apagou.
- É o namorado dela?
- Claro – ela falou sarcasticamente.
- Não vai demorar muito para saber, ela é bem conhecida por aqui.
-Ela recebe... – não iria insinuar na frente de Holly que sua mãe era pagar para dormir com outras pessoas.
-Todos os dias – ela deixou uma lagrima cair – Então eu venho aqui para fora e fico esperando eles irem embora.
-Sinto muito Holly.
-Porque não se lembra de mim? – seus olhos estavam cobertos de lagrimas, e sua voz estava chorosa. Mais ela ainda estava linda.
-Como?
-Porque me esqueceu? Era meu melhor amigo.
-Me desculpa, não me lembro de nada daqui – não sabia como me desculpar, e nem se realmente tinha sido amigo de Holly, mais não queria vê-la chorando.
Ela não falou nada, e eu sabia que não ia falar, estava chateada por causa da mãe dela.
-Vamos fazer uma coisa – disse me virando para ela, e a virando para mim. Ela me encarou com seus olhos – Todos os dias, quando....a Marcy estiver ocupada –fiquei sem graça de dizer isso – Você e eu vamos fazer alguma coisa, como fazíamos antigamente.
-Disse que não se lembrava.
-E não me lembro, mais você sim. Então você vai ser minha guia, das saídas a noite.
Ela abriu um sorriso, um sorriso lindo, muito mais lindo que ver o corpo escultural de Marcy e do riso engraçado de Emm.                                                                                                                                 Me levantei e estiquei o braço para oferecer ajuda para ela se levantar, eu nem precisei de fazer muita forca para que Holly saísse do chão.  
-Então, nos vemos amanha – disse batendo no seu blusão para que desamarrotasse, então percebi que não deveria fazer isso, apesar de Holly parecer  uma criança, ela não era uma, e sim uma mulher.
-Vai ser divertido – completei.
-Claro – disse ela com sorriso no rosto.
-Então eu vou indo... tchau.
-Ei Bem – disse ela me puxando pela mão – Será que eu posso dormir com você?
-Como? – ergui as sobrancelhas. Ela bateu a mão na testa de novo.
-Não necessariamente com você e sim na sua casa, ela tranca a porta até o cliente ir embora.
-Claro – não podia dizer não para Holly – Vamos?  -estiquei a mão para que ela a segurasse.

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