Capitulo
2
-O
café está pronto?
-Claro,
vai querer torradas? – perguntou meu pai levantando o pacote.
-Não,
obrigado.
Peguei
a xicara de café, não estava com fome, mais sempre adorei tomar café. Meu pai
já estava usando seu uniforme, ele era policial, acordava cedo todos os dias, o
que não era muito bom, já que a casa era muito pequena e eu sempre acabava
acordando também. Na ultimas semanas tive uma vida muito boa, pernas para cima,
vídeo - games, pizza, esteira, umas voltas de carro, e passeios pela cidade com
meu pai, que conhece absolutamente todo mundo de Village Wood. Tinha
que planejar o que fazer essa semana, já que Village Wood era praticamente só
mato.
-Ben,
filho, acho que devia começar a se preparar para ir a escola, já faz duas
semanas, e está no meio do ano letivo, não quero que perca tanta aula, e mais
tarde as férias virão mesmo então...
-Mas
faz tão pouco tempo – fiz uma cara que ele não deve ter gostado muito – Fala
sério pai, a mamãe nunca me deixa faltar. Só estou aproveitando.
-Bem,
eu não sou sua mãe, não vou pegar tão pesado. Mais isso não significa que vai
virar um vagabundo morando comigo.
-Ok –
não iria retrucar mais minha vida boa havia acabado. De volta a escola.
- Se
quiser uma carona, passo aqui em meia hora com a viatura.
-Tudo
bem. Vou me aprontar.
Um fato
que eu havia me esquecido, o uniforme, nas escolas de Village Wood, é
obrigatório o uso deles, não há nada mais ridículo que uniformes.
Principalmente aqueles engomadinhos. Eu não possuía nenhum uniforme, e tão
pouco material, e se quer sabia onde iria estudar mais meu pai devia ter
pensado nisso. No mínimo iria estudar na escola publica. Um fato sobre aquele
lugar, Village Wood era uma cidade minúscula, em termos comerciais e
desenvolvimento, ficava no meio do nada, cercada por mato e repleta de bosques,
o lugar perfeito para contas recheada de políticos, e milionários que queiram
uma vida tranquila, não acontecia muita coisa por lá, não pelo menos
aparentemente.
Esperei na entrada por uns cinco
minutos, papai estava um pouco atrasado, coloquei uma camiseta branca de meia
manga, com dois botões que quando abertos davam uma gola V a blusa, um jeans e
tênis, a roupa mais comum e adaptável que eu imaginei para ir para a escola,
principalmente quando todos estariam usando um uniforme.
Entrei no carro, fechei a porta,
que bateu com um pouco mais de força do que eu desejava.
-Então, será a escola publica
certo?
-Sim. Mais afinal – disse meu pai
enquanto fazia uma curva, junto com o carro – É a única escola de Village Wood.
-E os filhos dos ricos que não
aceitam a “imagem” que passam estudando em escolas públicas – perguntei ironizando.
-Tutores particulares são bem
comuns por aqui.
-Isso é ridículo – o carro parou
assim que falei, estávamos na frente da escola - Vem me buscar que horas - perguntei saindo do carro.
-Sinto muito, mas não venho,
estamos investigando um caso, não devo chegar tão cedo em casa – disse dando a
partida e saindo rua a fora.
-Tudo bem – falei, mais ele já não
estava mais lá para me ouvir – É. La vou eu.
Corri o pátio de grama na frente
da escola, a escola era bem maior que a minha antiga, o que era estranho já que
Village Wood era um ovo, literalmente.
Não pude evitar de reparar que
causei um pouco ao atravessar o pátio, afinal eu era o garoto novo que não
tinha uniforme. E, não sei se sou eu mais, todo mundo naquele parecia não ver a
luz do sol, não eram necessariamente brancos, mais sim, pálidos. Eu não era
necessariamente moreno, na verdade era branco, mais sempre peguei um bom sol e
uma praia onde morava, mais aqui, aqui é diferente, acho que as arvores, a
maioria pinheiro, principalmente as dos bosques envolta da cidade, deixavam os
habitantes de Village Wood um pouco sem a luz do sol.
Mais algo me chamou mais atenção
que isso, cabelos castanhos deviam der moda, havia muitas pessoas com cabelos
castanhos. Mais acima de tudo isso, os uniformes, um tanto fora do padrão para
uma escola, mais quem ia reclamar, eram os uniformes mais sexys que eu já havia
visto na minha vida. Saias pregadas, que terminavam na metade da coxa das
meninas, uma blusa branca formal, um casaco – ou será um colete? – cor bege.
O uniforme dos meninos era
parecido, calças beges, com o casaco formal da mesma cor, blusa branca
engomada, e uma gravata marrom, e tinha umas com cor vinho, ou será que as
marrons eram desbotadas? Não me importa, não conseguia de parar de olhar para
aquele uniforme. Para as pernas, especificamente. Der repente, estudar em uma
escola publica, que nunca foi uma má ideia, pareceu a melhor coisa do mundo.
Passei pela porta de entrada, a
escola tinha um estilo meio que medieval, era um prédio bem antigo. Como tudo
por aqui. A porta grande e vermelha. E o sinal ficava logo em cima, bateu logo
que passei, imediatamente, todos os alunos sentados na grama, encostados nos
carros, e espalhados pelo campus, entraram correndo, é, parece que pontualidade
é algo muito respeitado por aqui, pena que eu não sou pontual.
Fui quase atropelado no corredor,
não demorou mais que cinco minutos para estarem todos na sala de aula. Fiquei
sentado no banco na frente da secretaria, que estava com uma placa de volto em
vinte minutos na porta, os vinte minutos não pareceram muito. Na verdade,
passaram voando.
Entrei junto com uma moça, a
secretaria, que não podia ser mais clichê, era “ acima do peso” .
-Bom dia, o que deseja? –
perguntou ela, se endireitando em sua cadeira.
-Bom dia – entreguei um papel,
que me pai havia me entregado antes que eu saísse do carro.
-Aluno novo – ela suspirou – Seja
bem vindo sr .Davis.
-Obrigado
– falei meio sem graça, odiava formalidade. E ainda mais ser chamado pelo
sobrenome.
-Me traga alguns documentos, pega
mais tarde a lista aqui. Tem um mês para entregar tudo.
-Tudo bem – falei abrindo um meio
sorriso.
-Seu horário, você pode pegar com
a sua guia. O uniforme ela ira te mostrar onde conseguir, e vai te mostrar
tudo. As aulas extras curriculares não acrescentam na nota das matérias
principais e regentes, a aula de educação física é obrigatória a não ser que
tenha um atestado carimbado pelo médico e aprovado pela reitoria, pelo menos
uma atividade extra é obrigatório, não temos mais vagas para o clube de futebol
americano amador. A
oficina de artes está recrutando, porem terá que correr para se atualizar. O
ano letivo está no meio, e os professores não tem a obrigação de lhe favorecer
nas notas, mais podem lhe oferecer aulas extras. O resto sua guia poderá te
explicar. Inclusive seu armário.
-Guia? – era a única coisa que eu
queria saber desde o inicio da explicação.
-Sim – vou dar uma olhadinha no
sistema para ver o nome da sua guia – Só um momento.
-Ok – batuquei com os dedos no
balcão, enquanto a moça gorda olhava no sistema.
-Emma Grimmer.
Deixei escapulir um sorriso, uma
menina, é, isso é bom.
-Ok então, eu vou sentar ali no
banquinho e esperar.
-Faça isso, vou chama-la.
A moça anunciou no radio que se
passou pelos autofalantes da escola.
-Emma Grimmer, favor se
apresentar na secretaria. Seus serviços estão sendo solicitados.
Fiquei batucando no banco, uma
péssima mania, eu assumo. Até que em alguns minutos uma garota surgiu no fundo
do corredor. E ela era simplesmente magnifica.
Ela tinha cabelos castanhos, como
eu disse mais cedo – devia ser moda – como eu dizia, cabelos castanhos, curtos
e encaracolados, era um visual moderno, mais muito bonito, muito bonito mesmo!
Ela não tinha muito corpo, e nem era muito alta, mais ela era linda. Seus olhos
cor mel ,ficavam perfeitos em seu rosto fino e comprido. Ela estava com um
batom cor de rosa claro, e parecia ter um jeito delicado.
-Prazer, sou Emma Grimmer, e vou
ser sua guia – ela riu, tinha uma risada linda – Espero que não tenha parecido
tão forçado, eu penso muito antes de falar as vezes.
Ela ficou lá, em pé, me olhando
com um sorriso no rosto. Espero não estar babando.
Capitulo
3
-Oi – disse ela delicadamente -
Está tudo bem?
-Claro!
– me levantei rápido – Foi mal, estava meio distraído – disse colocando meu
cabelo ruivo para trás.
-Tudo
bem – sorriu ela – Vamos começar o passeio?
-Claro
– como se eu fosse negar alguma coisa para Emma Grimmer – E obrigado, sabe, por
ser minha guia.
-Isso
não é nada, e além do mais, qualquer coisa que me tire da aula de física é algo
que merece minha total dedicação.
-Por
onde vamos começar? – perguntei enquanto seguíamos pelo corredor.
-Vou te
mostrar o campus, mais vou avisando, se prepare para andar, porque o campus é
enorme.
-Estou
preparado Emma Grimmer.
-Me
chame só de Emm, é meu apelido, já acho Emma um tanto formal, imagina Grimmer.
-É
claro, Emm – caminhávamos pelo corredor.
-A
proposito – começou ela, me indicando para virar o corredor, estávamos quase
perto de uma porta, era a saída, daquela ala – Como se chama, ou espera que o
chame de aluno novo para sempre?
-É
claro. Foi mal, Ben – disse esticando a mão para um comprimento.
-Só
Ben?
-Não,
mais prefiro não falar, não é um nome legal.
-Tudo
bem, também não gosto de Emma – ainda estávamos parados naquela porta.
-Emma é
lindo - falei, não era bem o que eu
queria dizer, ela iria achar que eu estava dando em cima dela. Mais afinal, eu
meio que... Estava.
-
Obrigada, não gosto muito mais... Gostei que você tenha gostado – ela revirou
os olhos e deu um sorriso gozado – Acho que falei a palavra “gostar” nessa
frase mais do que em toda minha vida.
-Então,
vamos ou não vamos? – animei.
-Claro
que sim – ela abriu a porta e passamos por ela – Essa é a ala X, como chamam os
alunos.
-Ala X?
-É,
sala da reitoria, sala dos professores, diretoria, sala de reunião de pais,
sala do castigo, secretaria e sala das provas de reforço.
-Os
maiores pesadelos dos alunos. Não queira
voltar para essa ala, a não ser que seja por um motivo bom, então pode
comemorar.
-Fiquei
até com medo agora – brinquei enquanto seguíamos com o nosso passeio.
-Acontece
muita coisa por aqui, coisas legais, e algumas até que não deveriam acontecer,
não tem problemas, mais afinal, isso que da muito adolescente junto, mais se
for pego fazendo algo errado, fique sabendo os castigos não são moles. Mais você é aluno novo, eles tem mais
tolerância no primeiro ano.
-Não
sou tão errado assim – brinquei.
-Sei
que não é.
-Sabe?
– ergui a sobrancelha.
-É,
sei. Você não me parece ser do tipo que goste de confusão, tem uma cara de
levado mais, algo que possa ser domado, como um cavalo.
-Admirável
você me comparar a um cavalo.
-Ei –
ela gargalhou – Não me leve a mal, sou a apaixonada por cavalos, eu morava em
uma fazenda e desde que vim para Village Wood eu não tenho mais cavalos. Meu pai meio que se
cansou deles.
-Que
pena – dei um sorriso acolhedor – Então acho que causei uma boa impressão.
-Por
quê?
-Bom
você me comparou a um cavalo, e ama cavalos, então vai me amar também –
brinquei.
Ela
riu, e continuamos andando.
-Gostei
de você, é bom com piadas – sibilou ela ainda rindo.
-Não é
uma piada.
-Tudo
bem – ela enxugou uma lagrima, devido ao ataque de riso – Gosto de pessoas
diretas, mais não tão diretas.
-Tudo
bem, eu vou por o pé no freio.
-Tudo
bem, quem sabe nos demos bem, e aí você pode acelerar – então isso quer dizer
que ela estava me dando uma chance.
-Já nos
demos bem – falei e ela revelou um lindo sorriso.
-Ainda
não sei – disse ela colocando a mão na cintura.
- E
porque não sabe?
-Ainda
não te vi de uniforme – ela deu um tapinha no meu peito, indicando “ boa
sorte”.
-Como
consigo um?
-Uma
costureira, fala que é urgente, a escola libera a verba para fazer o uniforme.
Semana que vem você já está com o seu.
Ela me
entregou um envelope, o abri, e para minha surpresa tinha dinheiro.
-É a
quantia necessária para o uniforme, os livros, os sapatos, a gravata da marca
especificada no envelope, e para o material básico.
-Na
minha outra escola eles não pagavam nada para os alunos.
-Village
Wood tem uma boa renda, ótima, na verdade – ela me puxou pelo braço – Mais
vamos continuar.
-É
claro, “Guia” Emm.
Ela riu e virou-se para frente rápido para começar o
passeio.
-Essa é
a ala das salas das exatas. Matemática e adjacentes, não gosto dessa ala –
disse ela apontando para um corredor cheio de portas, o corredor era largo e
não tão cumprido, tinha uns bebedouros no canto.
Seguimos
por um corredor que deu em uma ala da escola que tinha um pátio, havia muito
verde, e umas escadas no outro prédio da frente, que se chegava apenas
atravessando o gramado.
-Aquele
é o prédio desativado – ela apontou – Nunca tem nada lá mais não está fechado,
é proibido ir lá, e todo mundo obedece.
-Ok –
concordei olhando para o prédio.
-Aquele
ali do lado, é para onde vamos – disse ela seguindo caminho para o prédio ao
lado do proibido.
- Área
das matérias que levam a nossa escola ao prestigio, inglês, artes e outros.
Nossos alunos são muitos criativos.
-Não
sou muito bom nisso, prefiro os números.
-Sério?
– ela olhou incrédula – Já arranjei alguém para me salvar nas próximas finais.
-Desponha
– fiz uma reverencia.
-É o
maior prédio, não vamos entrar, mais é só ficar nos corredores que são abertos,
não entre nas alas numeradas, normalmente são depósitos de materiais, salas de
trabalhos, salas para professores darem aulas particulares e outras funções que
não nos interessam.
-Certo.
Estávamos
passando pelos pátios em no andar de baixo, e aberto dos prédios, os famosos
corredores dos armários, eram largos, abertos, sem paredes, apenas muretas que
os alunos usavam de bancos, todos eram os prédios eram interligados por esses
corredores de armários, que possuíam varias saidinhas para o pátio principal.
Era um lugar grande e muito organizado.
-E
paramos aqui - ela deu uns tapinhas no armário – esse é o meu. O 336.
-E o
meu?
-062.
Debaixo no outro prédio. Bem perto da entrada. Tem sorte.
-E
saindo do pátio, por trás do auditório, que é ali – disse ela apontando para um
grande galpão perto do primeiro prédio – Fica a quadra de basquete, o salão de
jogos, o campo para o futebol americano, a área aberta para o treino das
meninas da torcida, que a propósito sou uma delas – disse ela sorrindo – Vai
feras! – disse ela dando um pulo, em um desses movimentos de torcida – Nosso
time, os feras, não tem outras escolas em Village Wood. Então todas as
competições são em outras cidades, ou com visitantes.
-Isso
parece legal.
-É sim,
e muito. O refeitório é logo aqui na frente dessa porta grande. É grande assim
para conter os alunos esfomeados – disse batendo na grande porta de aço – E
para que não roubem os mantimentos. E até que a comida não é tão ruim.
-Isso é
ótimo, gosto de comer – brinquei.
-Bom
acho que é o suficiente – ela tirou um papel de dentro da mochila – Esse é seu
horário.
-Química.
Biologia. Física. Física... Vai ser um dia cheio.
-Sim.
Também tenho as duas ultimas de física – ela abriu um sorriso –
-
Então, nos vemos na aula de física.
-Sim –
ela apertou minha mão como uma despedida – E a proposito os lugares não são
fixos, eles odeiam atrasos, a não ser que tenha uma carta. Amanha é seu
primeiro dia, tente se enturmar logo, se deixar para depois vai ficar difícil, os
meninos são um pouco complicados demais por aqui, não comesse pelos nerds que
lancham na sala de experiências, se não nunca mais vai ter vida social – disse
ela rindo – E se não se importar de ouvir assunto de menina, pode lanchar
comigo e a equipe da torcida do futebol. Não nos confunda com a torcida do
basquete, somo rivais.
-Acho
que devia ter anotado – entreguei a mochila dela que eu carregara por um tempo.
-Não se
preocupe se acostumará logo. Quando menos esperar estará lanchando com os feras
e tomando leite da maquina, mas não seja pego.
Estava
caminhando para casa, dei uma parada em uma barraca de milk-shake que tinha na
esquina da escola, fui andando bem devagar, para me familiarizar com o caminho.
Infelizmente percebi, fazia apenas algumas horas que eu havia conhecido Emm, e eu
estava caidinho por ela, seus olhos castanhos apertadinhos, seus braços finos e
seu sorriso exagerado.
-Um milk-shake de chocolate, por
favor.
O milk-shake era uma delicia, não
boiava em gordura como o lá da minha antiga casa. Talvez porque aqui houvesse
realmente leite, leite bom, tirado da vaca de manha nas casas de fazenda, longe
do centro, se é que pode ser chamado de centro. Peguei
uns atalhos, não me perdi, o que foi maravilhoso, porque não queria ligar para
o meu para dizer que estava perdido, afinal eu tinha 17 anos. Nesse
atalho, passei em frente a delegacia, resolvi entrar. Meu pai estava em pé, em
volta de uma mesa com mais dois oficiais, eles estavam com um mapa aberto e
cima da mesa, também tinha um monte de papeis espalhados por todo lado, e pinos
presos no mapa.
-Pai – falei me anunciando.
-Bem – disse meu pai virando-se
para trás surpreso. Ele me levou para fora – O que faz aqui?
-Nada, só ia dar um oi.
-Olha estamos resolvendo uma
coisa séria, muito séria. Não posso te dar atenção, porque não vai para casa –
ele colocou um pouco de dinheiro no meu bolso da calça – Mais tarde come alguma
coisa. Não sei que horas eu chego hoje, vamos fazer umas batidas e um monte de
outras coisas.
-Tudo bem – falei seguindo
caminho.
-A proposito – ele subiu os três
degraus que separavam o seu departamento da calçada - Eu falei com a senhorita Marcy que você iria
jantar na casa dela, leve uma torta ou qualquer coisa que achar na padaria, e
que não seja de chocolate, Holly não pode comer chocolate.
Não tive tempo de falar nada, nem
contrariar nem concordar. Parece que essa era a rotina do meu pai. Para uma
cidade pequena, até que um policial tinha muito trabalho.
Estava chegando ao bairro de
minha casa, passei por uma padaria, entrei, e fui em busca de algo para levar
para o jantar, uma torta meu pai disse. Não tinha muitas tortas, mais tinha
muitos doces e balas, a torta de chocolate estava tentadora, mais por algum
motivo a garota da casa da frente não podia comê-la. Uma pena, chocolate, meu
doce, sobremesa, comida favorita, depois de pizza é claro.
A torta de frutas vermelhas, eu
estava com um cheiro maravilhoso, mais parecia mais uma poça de sangue. Mais
era a única que eu comeria além da de chocolate, então a comprei. Para uma
torta até que custou bem caro.
Chegando a minha casa, coloquei a
torta no forno, para que não ficasse muito gelada. Fui tomar um banho, tirara
aquela roupa usada, colocar algo mais quentinho, estava esfriando. Meus pés
estavam doendo de tanto andar pelo campus, a escola era grande, e dava a
impressão de ser maior ainda por ser divida em prédios, mais não tinha tanto
tamanho assim, os prédios só tinha dois andares cada, ao todo eram 4 prédios, e
um estava desativado, e para atender a todos adolescentes de Village Wood,
precisaria de um pouco mais de andares, cada um deles. Mais adorei os
uniformes, a quadra de basquete e o refeitório é grande e tem muito espaço, a
parte verde era perfeita para pegar um
sol, o que era raro por aqui.
Tinha que ir a uma costureira,
mandar fazer meu uniforme, coloquei o envelope com o dinheiro que a escola deu,
dentro da gaveta da minha cômoda. Estava de toalha amarrada na cintura quando
um vento gélido entrou pela janela, fui fecha-la, a luz da casa da senhorita
Marcy estava acesa.
Dei um tempo no sofá até a hora
do jantar, fiquei muito tentado a comer um pedaço da torta, mais não queria
fazer feio. Olhei no relógio de parede, já estava na hora, me levantei,
desliguei a televisão, e peguei a torta no forno. Deixei a luz de casa acesa,
como sempre fazia, era uma mania, mais não conseguia sair e deixar tudo
apagado.
Desci os três degraus que me
levaram ao nosso canteiro, o atravessei e atravessei a rua. E já estava na casa
da família Miller, bati na porta.
Não demorou muito para senhorita
Marcy abrir a porta, ela estava com um lindo sorriso no rosto e não só o
sorriso ela era um mulherão. Uau. Quase deixei escapar, ela era LINDA. Quero
dizer, estava bem inteira para a idade. Não me importaria de jantar mais vezes
lá. Ela estava usando um jeans apertado, e uma blusa um tanto decotada, seu
batom vermelhão destacavam seu rosto um tanto sensual. Ela possuía cabelos
pretos na altura dos ombros, cabelos lisos jogados para trás, um caimento
perfeito. Para uma mulher escultural.
-Boa noite – falei impressionado.
-Boa noite, querido – ela me
puxou para dentro – vamos entrando. Estava só esperando você chegar.
-Trouce a torta – falei
entregando a caixa.
Ela levantou a tampa, uma
fumacinha gostosa saiu de dentro da caixa.
-Morangos – ela sorriu – O
preferido da Holly. Que consideração – ela olhou meio receosa para a caixa –
Vem, vamos nos servir.
Estava sentado na mesa da cozinha.
Os Miller não possuíam muitas mobílias. Marcy estava tirando uma travessa do
forno quando a porta bateu.
-Holly – gritou Marcy – Venha
comer, Ben jantará conosco querida!
-Não estou com fome. Já comi na
rua – gritou uma voz doce e aguda de volta.
-Me desculpe Bem, Holly está
tendo uns problemas e... – ela cerrou o pulso e bateu sobre a bancada – Holly
Miller desce já aqui e venha fazer sala para nosso convidado.
Ouvi uma batida e passos, ela
desceu a escada. Eu não havia reparado mais Holly parecia uma criança de seis
anos, tinha um rosto angelical, e os olhos mais incríveis do mundo, uma voz
doce e um cheiro, um cheiro diferente, como um perfume que agente sente vontade
de provar, porque cheirar não é o suficiente. Ela
estava emburrada, seu rosto delicado estava fechado para sorrisos, ela estava
com um blusão que a até os joelhos, de cor branca, o que lhe tornava um
fantasma. Pense em alguém branco a ponto de ser comparado a uma folha de papel,
pense em Holly. Seus cabelos estavam soltos dessa vez, e eram cumpridos e
extremamente claros. Francamente Holly devia ter problemas com melanina. Isso a
tornava mais parecida ainda mais com uma boneca de porcelana. Havia
uma mancha vermelha bem grande cobrindo toda a barra de seu blusão.
-Holly – repreendeu Marcy ao
vê-la – Deveria usar um absorvente, e não sujar suas roupas assim.
Holly arregalou os olhos, e eu
ri, não deveria ter feito isso, mais foi constrangedor, e engraçado.
-Não é meu o sangue – falou ela
com uma voz roca, mais ainda doce.
Fiquei um pouco assustado, como
assim não era o sangue dela? Acho que ela percebeu o espanto no meu rosto e
logo se explicou.
- Não quis dizer isso – ela deu
um tapa de leve na testa – Derrubei uma bebida... Milk-Shake de morango.
-Não devia comer antes do jantar
– repreendeu Marcy – Quantas vezes vou precisar dizer?
-Quantas vezes vou precisar dizer
que não jantamos juntas – disse Holly puxando uma cadeira e se sentando com
força, ela estava muito emburrada.
- Me desculpe querido – disse
Marcy – É que alguém não se da bem com visitas.
Holly empurrou a mesa e se
levantou, saiu andando pela sala.
-Vou sair – anunciou batendo a
porta.
-Crianças – suspirou Marcy . Que
voltou a comer como se nada houvesse acontecido.
Depois que terminei de comer,
fiquei muito tentado em conversar com a senhorita Marcy, mais me pareceu muito
errado já que ela era amiga do papai, e sei la, por algum motivo estava com a
consciência pesada.
Agradeci ao jantar, e levei a
sobras da torta para casa. Fechei a porta dos Miller e cruzei o jardim. Holly
estava sentada na calçada. Me senti na obrigação de falar com ela.
-Oi – disse me sentando ao seu
lado.
-Não precisa fazer isso – ela
continuava sentada no meio fio, olhando fixo para a rua.
-Fazer o que?
-Ter pena de mim – seu rosto
estava tão triste.
-Eu não estou com pena – engoli
seco – Tudo bem, eu estou – olhei para - O que ouve pequena? – perguntei
passando a mão no seu cabelo.
-É ela.
-Marcy parece ser uma pessoa
maravilhosa – ela me olhou abismada, seus olhos se arregalaram, eram lindos
olhos – Não é não ?
-Não, Ben.
Um carro estacionou poucos metros
da casa dos Miller, do carro saiu um homem vestindo um terno, ele passou pela
gente, como se não tivesse visto nada, e
seguiu em frente, tocou a campainha e logo foi recebido pela Marcy, que fechou
a porta logo que ele entrou, a luz da casa de apagou.
- É o namorado dela?
- Claro – ela falou
sarcasticamente.
- Não vai demorar muito para
saber, ela é bem conhecida por aqui.
-Ela recebe... – não iria
insinuar na frente de Holly que sua mãe era pagar para dormir com outras
pessoas.
-Todos os dias – ela deixou uma
lagrima cair – Então eu venho aqui para fora e fico esperando eles irem embora.
-Sinto muito Holly.
-Porque não se lembra de mim? –
seus olhos estavam cobertos de lagrimas, e sua voz estava chorosa. Mais ela
ainda estava linda.
-Como?
-Porque me esqueceu? Era meu
melhor amigo.
-Me desculpa, não me lembro de
nada daqui – não sabia como me desculpar, e nem se realmente tinha sido amigo
de Holly, mais não queria vê-la chorando.
Ela não falou nada, e eu sabia
que não ia falar, estava chateada por causa da mãe dela.
-Vamos fazer uma coisa – disse me
virando para ela, e a virando para mim. Ela me encarou com seus olhos – Todos
os dias, quando....a Marcy estiver ocupada –fiquei sem graça de dizer isso – Você
e eu vamos fazer alguma coisa, como fazíamos antigamente.
-Disse que não se lembrava.
-E não me lembro, mais você sim.
Então você vai ser minha guia, das saídas a noite.
Ela abriu um sorriso, um sorriso
lindo, muito mais lindo que ver o corpo escultural de Marcy e do riso engraçado
de Emm. Me
levantei e estiquei o braço para oferecer ajuda para ela se levantar, eu nem
precisei de fazer muita forca para que Holly saísse do chão.
-Então, nos vemos amanha – disse
batendo no seu blusão para que desamarrotasse, então percebi que não deveria
fazer isso, apesar de Holly parecer uma
criança, ela não era uma, e sim uma mulher.
-Vai ser divertido – completei.
-Claro – disse ela com sorriso no
rosto.
-Então eu vou indo... tchau.
-Ei Bem – disse ela me puxando
pela mão – Será que eu posso dormir com você?
-Como? – ergui as sobrancelhas.
Ela bateu a mão na testa de novo.
-Não necessariamente com você e
sim na sua casa, ela tranca a porta até o cliente ir embora.
-Claro – não podia dizer não para
Holly – Vamos? -estiquei a mão para que
ela a segurasse.
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