E para
completar o treino de basquete foi cancelado, assim nosso time vai ficando para
trás e nenhum jogador novo foi visto. Se continuasse assim os FERAS seriam
desclassificados da estadual.
-É claro que ela não falou com
essa intenção, com Bruxa, ela podia querer dizer algo diferente, como uma
substituição para uma pessoa má, alguém que não faz bem – falou Hank dando
goles no Milk-Shake de banana com canela.
-Estamos
falando de Holly – me sentei na cadeira, com a terrível ideia que Emm me
colocara na cabeça.
-Holly
tem seu histórico Ben, aceita isso, ok?
-Mas
bruxa? – estava muito confuso – E depois do que você ,e falou sobre vampiros,
nada me surpreende mais.
-Vampiros
são diferentes – ele respirou fundo, como se eu fosse obrigado a saber sobre
essas coisas – Eles são imortais. Bruxas foram todas mortas, queimadas em
fogueira na época da caça as bruxas, a inquisição acabou com elas.
-É todo
mundo estuda isso em historia – gabei.
-Sim, mais
o que nem todo mundo sabe é a verdade – disse Cina entrando no quarto – Me
desculpem a demora – ela se sentou na cama ao meu lado.
-E qual
é a verdade? – perguntei a encarando.
-Um
vampiro, perde sua maldição matando uma bruxa queimada. Eles se tornam pessoas
normais e ganham a mortalidade, o sonho de um vampiro que não quer ser um
monstro, ou que já sofreu o suficiente para a sua imortalidade. Então se matar
uma bruxa queimada, está livre, vira um humano. Muitos vampiros
na época começaram a caçar as bruxas, e os de importância social maior
espalhavam os boatos, e trataram de jogar a igreja e a plebe contra as bruxas,
contavam historias exageradas e aterrorizantes, por demais é claro, bruxas são
na maioria das vezes inofensivas, então
ao menor sinal eram queimadas, muitas mulheres inocentes morreram, e as bruxas,
se foram todas.
-Qual
chance de ter sobrado uma? – me assustei ao ver o que eu tinha perguntado, eu
estava mesmo acreditando que Holly era uma bruxa?
-Nenhuma
– ela cruzou os braços – Elas precisam umas das outras, é como uma grande força
vital, ficam fracas sozinhas. Em algumas aldeias, todas as mulheres foram
queimadas, crianças, adolescentes, bebes, bastava ser do sexo feminino. E
bruxas não são como vampiros, não ficam belas para sempre – ela me encarou – Se
não a bonitinha já teria cabelos grandes e um rosto bem cheio de rugas. Se é
que é possível alguém sobreviver a décadas sendo mortal – ela ironizou.
-Tudo
bem – levantei as mãos- Acredito. Só precisava de uma boa explicação para tirar
essa ideia da minha cabeça.
-Mais
de qualquer forma – começou Cina – Devia ficar longe da garota, ela deve ter um
pé no inferno, ou é muito azarada – ela pensou muito para terminar a frase –
Pessoas acabam morrendo.
-O que
quer dizer?
-Ela
tem uma ficha na delegacia Ben, de uma olhada.
-Ei me
da um pouco disso – falou Cina pegando o Milk-Shake da mão de Hank.
-Já
conseguiu algum arquivo ? – Hank estava sério, talvez porque seu milk-shake
havia sido roubado ou por algum motivo que eu não sabia.
-Que
arquivo?
-Os dos
casos. Se liga Bem, estamos ficando sem tempo – Cina parecia exaltada.
-Porque
eu tenho que resolver tudo? Eu nem acredito que essas “ coisas” existam.
-Até
ser atacado por um – se irritou Cina – Vamos lá Ben, quebra esse galho. Há
coisas que não podemos deixar acontecer.
-Vou
tentar, hoje a noite.
-Não
vai tentar, vai conseguir – Cina se levantou e caminhou em direção a porta.
-E...
Como se chama mesmo a outra garota?
-Emm? –
falei meio duvidoso.
-Se ela
disse bruxa dessa maneira, ela sabe do que se trata, sabe que faz parte de algo
diferente, assim como o vampiros e outros tipos de coisas, até de nós, quem
sabe – ela me pareceu pensativa – Fica de olho nela, não precisamos de mais
nada na nossa cola.
-E há
mais alguma coisa na nossa cola?
Ela não
me respondeu, apenas saiu do quarto. E pela noite eu teria a missão de
investigar os arquivos. E que Deus me
ajude.
As
portas já estavam fechadas, papai já havia saído fazia uns quinze minutos. Será que minha desculpa esfarrapada ia colar?
Espero que sim.
Toc,
toc, toc. Bati na porta de vidro, logo apareceu um policial, não devia ser
muito mais novo que eu.
-Ola –
falou ele - Quem é você e o que quer? –
sua voz era tão treinada quando ao de um robô, que se acostumou a repetir a
mesma coisa varias e varias vezes.
-Oi –
gaguejei , droga! – Meu pai, Davis, Vitor Davis, ele pediu para eu pegar m
arquivo, ele quer trabalhar neles em casa.
-Claro
– ele abriu a porta – Pode entrar.
Ele me guiou até a gaveta de arquivos não concluídos, assim
como pedi.
-Tem
algum arquivo em especial? – perguntou ele. Precisava pensar rápido, pense,
pense...
-Não,
na verdade ele quer dar uma olhada em tudo. Pelo menos nos mais graves – respirei
aliviado ao ver que era um bom mentiroso.
-Claro
– ele pegou uma chave e rodou na gaveta de arquivos. Ele agarrou um bocado com
as duas mãos – Acho que são os piores – ele deu um riso meio sem vida – Acho
que o senhor Davis vai ter um grande
trabalho daqui para a frente.
Concordei
rapidamente com a cabeça. Ufa, foi por pouco. Ele fechou a gaveta, já íamos
saindo da sala de arquivos quando algo me veio a cabeça.
-An...
– comecei – Também vou precisar de uma ficha.
-Qual
delas o senhor Davis vai precisar.
-Na
verdade, não é para ele é para mim – ele fechou a cara quando falei isso, ainda
bem que ele não havia desconfiado do resto – Por favor, é importante.
Depois
de um longo minuto de tensão ele concordou com a cabeça.
-Falo,
mais é melhor que ninguém saiba, posso ficar encrencado – dei um riso.
-Valeu
cara.
-Falo –
ele ascendeu a luz da sala novamente -
Qual o criminoso?
-Pessoa
comum – falei.
-Então
é aqui nessa sala da frente – seguimos para essa sala, ele começou a abrir as
gavetas – Nome.
A sala
era pequena, afinal Village Wood era um ovo,
as grandes gavetas de metal possuíam etiquetas com nomes, que separavam
o gênero pelo qual eram diferenciados os habitantes...
-Nome.
-A ,
claro – sacodi a cabeça acordado do transe – Holly Miller.
-É na
outra sala – ele voltou para a sala que estávamos antes, sem me esperar. Corri
atrás dele.
-Mais
ela não é – como podia dizer – Criminosa.
-Isso
eu não sei, mais o arquivo Holly Miller fica aqui desde sempre.
-Arquivo?
Achei que fosse só uma ficha.
-Pessoas
especiais requerem uma atenção especial, amigo – ele abriu uma gaveta de ferro,
a ultima da sala, do meio de grande pastas recheadas estava o arquivo Holly
Miller.
-Obrigado
– coloquei o arquivo na mochila junto com os outros – Entrego o mais rápido
possível.
-Sem
problemas, esses arquivos são os últimos que importam por aqui. E segundo o
departamento, estão queimados, senhor Davis que os guardou, talvez para isso.
Ele me
deu um breve adeus e trancou o departamento, minha mentira tinha colado numa
boa. Mais o fato do meu pai ter guardado aqueles arquivos, o que ele queria com
aquilo?
Me
joguei na cama, já era madrugada, meu pai dormia, liguei o som no baixo, uma
musica não me deixava no completo silencio e terror de minha mente. Abri a
bolsa e peguei o arquivo Holly Miller.
Uma
pasta amarela parda com uma foto da Holly presa na capa por um grampo velho,
Holly estava mais nova na foto e com os cabelos mais claros, se é que é
possível, seus olhos mais acesos e sua boca vermelho magenta.
Abri a
primeira pagina.
Holly Miller, filha biológica de Claus Miller e ....
Não
havia nome, como se Marcy simplesmente não fosse mais a mãe de Holly.
Criada em Village Wood após seu nascimento na Dakota do
Norte ...
Virei a
pagina, uma folha solta caiu, a apanhei do chão e quase tornei a derruba-la
após ler o que estava escrito.
Certificado
de adoção de Holly Miller por Marcy... Marcy Palms Miller.
Então
Marcy não era a verdadeira mãe de Holly. Mas porque o mesmo sobrenome então?
Não poderia ser coincidência.
Grampeada
no certificado de adoção estava a certidão de adoção de Holly e um laudo médico
e um outro papel bem danificado, certidão de casamento de Marcy Palms com Claus
Miller.
Isso
explica o sobrenome mais não porque Marcy teve de adotar Holly mesmo sendo
casada com o pai dela.
Olhando
mais um pouco a frente mais laudos médicos e uma certidão de óbito, em nome de
Claus Miller, falecido em um acidente em casa.
Não
havia nada sobre o acidente, então contra os meus princípios entrei na internet
e corri para o google. Morte de Claus Miller Village Wood. Achei
algo bem rápido, e pelo o que parece. Claus Miller pintava o telhado da casa
durante a noite para surpreender a família com a casa pintada pela manha,
quando caiu do telhado, o corpo rolou pelas telhas e caiu sobre a cerca de
madeira, onde uma de suas estacas cravou até o outro lado de seu peito,
perfurando seu coração provocando uma morte instantânea. Claus,
um jovem marido, deixou a esposa e uma filha de dois anos. Está enterrado em um
cemitério particular na Dakota do norte.
-Mais
uma vez Dakota do Norte. Parece que Claus vinha de lá.
Algo
mais sobre os acidentes, e para meu horror e completo enjoou ,uma foto, ele
todo ensanguentado com uma estaca atravessada. Estava morto mais pude ver, era bem parecido com Holly. A pele branca, o
cabelo claro de mais, o corpo robusto e braços sardentos. Sua roupa branca
coberta de sangue. Jamais apagaria aquela imagem da minha cabeça.
Dei uma
olhada em alguns laudos médicos, todos em nome de Holly. Ela não podia ter
tantas doenças afinal. Basicamente todos os laudos e que não eram poucos
falavam a mesma coisa. Falência de órgãos, carência de glóbulos vermelhos. E
algumas receitavam dietas do tipo total restrição a doce, e refeições regadas a
carnes, comidas com sustância, proteína e peso. Para repor algo. Os
últimos laudos eram da clinica de tratamento onde Holly ficou por aqueles
meses. Quase caí da cama ao ver o motivo da internação: Ataque a um jovem de
mesma idade, a vitima foi resgata sem sangue circulando no corpo. Após o
terceiro ataque Holly Miller foi diagnosticada com a síndrome porphyria hemofílica.
Mais para mim estava claro. Holly era uma, uma vampira.
Um vento entrou pela
janela do quarto, e em seguida alguém bateu na porta.
-Quem é? – perguntei assustado.
-Sou eu. Holly.
Joguei de pressa tudo
debaixo da cama.
-Posso entrar?
-Sim.
Gaguejei, queria ter dito
não, mais afinal, vampiros não existem, certo?
-Não conseguia dormir – falou ela se sentando na minha
cama – Está tudo bem? Parece um tanto pálido.
Palidez. Um sintoma de vampiro. Não existia ninguém mais
pálida que Holly, aquela pele esbranquiçada e sem vida, além de ser gélida, e
aquele olhar sobrenatural.
-Só estou com um pouco de febre. Me sangue está fervendo.
-Está? – ela parecia entusiasmada.
Estou morto pensei, falar em sangue na frente de uma vampira, ela tinha
acabado de me dar a certeza de que não era o meu anjinho da casa da frente e
sim um demônio que atraia com o olhar fatal.
-Parece mais gelado do que quente – contornou ela.
-Eu não sei bem.
-Fique bem – falou ela dando um sorriso meigo, que eu
tentei não olhar.
-Você me parece um tanto.. – o que eu estava fazendo, ia
falar vampiresca, mais isso só seria o passe mais rápido para o tumulo –
Diferente. O que houve?
-Coisas ruins estão acontecendo – seu rosto era triste –
Não pode sentir?
Sim, coisas ruins estavam
acontecendo, eu descobri que a minha vizinha – tudo bem Holly era mais que
minha vizinha, mais não vou entrar em detalhes – era uma vampira. Antes a ideia
de ficar sozinho de madrugada no quarto com Holly Miller fazia mais que me
animar mais agora, eu estava arrepiado e pensando em como me proteger a
possíveis ataques.
Fiz que não com a cabeça.
-Sou estranha mesmo – falou ela com um sorriso torto e um
tanto dolorido – o que há de errado comigo afinal? – sei que não deveria
responder a essa pergunta.
Nas circunstancias essa seria a hora perfeita de enfiar
uma estaca no peito dela, mais eu não era desse tipo impiedoso, Holly estava
quase chorando, e ela tinha uma vida difícil e eu não podia simplesmente
ignorar o fato de que sentia alguma coisa por ela. Ao mesmo tempo que pensava em
um jeito de mata-la pensava em um jeito de faze-la rir de novo.
-Ei, Holly – falei a abraçando – Está tudo bem, ser
diferente não é ruim. Isso é só um complexo.
-O que
é ser diferente para você Ben?
Tive medo de que ela
falasse que é uma sugadora de sangue e pulasse no meu pescoço. Mais precisava
fazer Holly entender que eu sabia, e que não a faria mal, talvez não agora.
-Não
importa se você é diferente, desde que não machuque ninguém – na verdade o que
eu queria dizer era, desde que não morda alguém e sugue seu sangue até virar um
esqueleto seco caído no chão com mordidas horrorosas no dorso, fique a vontade
e seja diferente.
-Não
pretendo machucar ninguém – falou ela- Ainda não.
Ela deu
uma leve risada, que me encheu de pânico. AINDA NÃO???
Ela segurou
na minha nuca, me preparei para a mordida colossal e a dor invadido meus
pescoço. Senti seus lábios se prensarem contra minha jugular, mais nada de
dentes, apenas uma beijo quente e gostoso. Ela subiu para a boca, me beijando
de vagar e dolorosamente.
-Desculpa
– falou ela.
-Pelo o
que? - por ser uma vampira bruxa e me
enfeitiçar me obrigando a cair de amor por você, nunca, mais pelo beijo, eu
queria mais.
-Por
isso – sua voz era baixa, quase um sussurro, e doce como sempre.
-Não
tem que se desculpar por isso – ri baixinho – Não mesmo.
O que eu estava falando, dessa vez era um beijo e na
próxima? Uma mordida? Nem pensar.
-Não
sei o que eu significo para você – seus lindos e arrogantes olhos de vampira me
encaravam.
-Como
assim? – gaguejei.
Eu sabia exatamente o que ela queria dizer, mais eu estava
enfeitiçado, eu acho, e se ela era mesma uma vampira o que eu faria? Diria que
sim e nos casaríamos e teríamos 3 filhinhos vampiros e moraríamos na Dakota do
Norte até nossas crianças completarem quatro anos e depois voltaríamos para
Village Wood para preencher a vila de terror, e jantar um habitante por noite?
Respira Ben, falei para mim mesmo, para de pensar bobagem.
-Eu
gosto de você, Ben – falou ela calmamente. Mais o que eu iria fazer agora,
antes eu até poderia gostar de Holly, mais após ler aquilo era como se tudo que
eu soubesse sobre ela, e quem eu achava que eu gostava havia virado uma
assassina sugadora de sangue, nunca gostei nem de filmes com vampiros e acho
sangue nojento, ainda mais agora que era real.
-Como?
– beleza, o meu dicionário tinha sido reduzido a apenas uma palavra, que eu não
conseguia nem pronunciar sem gaguejar.
-Não me
faz repetir, Ben, não é mais fácil para mim do que é para você – ela se
levantou da beirada da cama e seguiu em direção a porta – Está tarde, vou para
casa.
-Ei
Holly – falei – Sua mãe deve estar ocupada – e nós dois sabíamos muito bem com o que – Não quero que
fique na rua.
-Não
tem problema - falou ela – E além do mais, estou com fome. Boa noite – ela
fechou a porta.
“Estou
com fome” , isso para mim foi a frase mais dolorida que Holly falou a noite
inteira, mesmo depois de dizer que gosta de mim e eu idiotamente não falar
nada. Fome, para um vampiro, sede, certo? Então ela simplesmente poderia me
fazer como seu jantar ou ir para a rua caçar. Mais apesar disso tudo, ainda
acho uma bobagem essa palhaçada toda de vampiro. Mais ainda era Holly, queria
saber o que fazer. Mais não fiquei muito tempo pensando, talvez tenha sido o
nervoso com a frase “estou com fome”, então peguei no sono.
Capitulo
13
Eu estava moído, literalmente.
Pior do que se tivesse sido atacado por vampiros – e dê repente me lembrei que
piadinhas desse tipo, mesmo que só em minha mente, não deveriam ser feitas de modo algum.
-Está aqui – entreguei minha
mochila com a cópia dos documentos que tratei de devolver logo para a
delegacia.
-Achei que fosse menos – falou
Hank dando uma espiada e fechando a bolsa logo em seguida.
-São os mais importantes – falei
– Incêndio misterioso, assassinatos sem explicações, desaparecimentos... Esse
tipo de coisa.
-Cina vai ficar louca – ele
sorriu – Parece que as rondas vão começar.
-Rondas?
-Sim, rondas, vamos espionar
pessoas.
-Que nem nos filmes de agente
secreto e essas paradas de espião?
-É, que
nem nessas paradas de espião – ele riu –
Mais é real, são horas em carros, espremidos na vã com uma escuta. Investigar.
Vender pizzas com alho. Esse tipo de coisa.
-Então
quer dizer que essa parada de alho é real? – eu rí.
-Sim.
Alho, espelho, foto, lua cheia.
-Bala
de prata também?
-Isso é
lobisomem – ele riu ao me corrigir – Vampiros são estacas de madeira.
-Estaca
de madeira.
Isso me lembrou algo. Peguei meu celular e acessei a internet
na hora. Morte de Claus Miller, estaca de madeira, Holly. Vampiros.
-É
possível que não tenha sido um acidente? – perguntei mostrando o artigo no
celular para Hank.
-Isso
nunca poderia ser um acidente. Eu já vi essa casa, fica afastada, na floresta,
está velha e gasta. Mais o telhado e a cerca não são tão próximos, só se ele
corresse e se jogasse, aí talvez.
-Então
alguém pode ter, enfiado a estaca de madeira e forjado uma queda?
-Sim –
vi o olhar de Hank mudar – Sim, sim e sim! – Ele pulou – É isso aí Ben, temos
um caso.
-O que?
Como assim? – me levantei atrás dele.
-Claus
Miller é um dos casos que foram fechados com uma explicação brutalmente falsa
para o que aconteceu. Se ele era de um clã ou uma gangue vampírica, tem outros
casos do mesmo tipo relacionado. Ou se foi morto por caçadores como nós. E se
tem descendentes, porque se tiver, com toda certeza é um vampiro.
-O que?
-Ele
devia ser um importante, vampiros não matam outros e deixam a mostra e muito
menos caçadores, que são pessoas comuns. Deve ser um líder de uma gangue, deve
ter ligação com assassinatos. Isso é ótimo! – ele estava radiante.
-Ótimo?
Hank, assassinatos não são ótimos.
-Sei,
não foi isso que quis dizer, só que... –
ele voltou a se empolgar – Temos pistas para acabar com mais deles, até chegar
no reprodutor. Cina vai delirar, vamos acabar com eles. Esse Claus, eu não sei,
mais algo me diz que ele é alguém muito importante.
-Não podemos investigá-lo, não podemos passar isso
para a Cina.
-E
porque não? Vai nos ajudar Ben, é o que fazemos.
-Ele
era o pai da Holly, Hank – ao ouvir isso ele ficou sério.
-Holly
Miller – ele tornou a se sentar em um dos bancos da lanchonete – Miller,
perfeito – ele foi sarcástico.
-Não
podemos interferir, Cina não pode saber
– falei.
-Sabia
que havia algo sobrenatural na Holly Miller.
Principalmente depois dos acidentes. Ela é uma vampira ,Ben, não podemos
esconder isso da Cina.
-Sabe o
que Cina vai fazer se descobrir?!
-Caçá-la?
É o certo.
-Não,
não com a Holly.
-Ben.
Ouviu o que falou?
-Sim –
coloquei a mão na cabeça, infelizmente sim. Eu não podia deixar que Cina
matasse Holly, mesmo que noite passada eu mesmo tivesse pensado em fazer isso –
Ela falou que gosta de mim. Não posso matar Holly.
-Gosta
dela? – ele me perguntou sério – Porque se não gostar, não vale a pena.
Dei um sorriso dolorido ao me lembrar dela. Estava indeciso.
-Talvez.
-Talvez
– Hank quase me esmurrou – Ela é uma vampira, alguém que mata. E tem histórico.
Bem grande que todo mundo sabe.
-Fala
sério Hank, é a Holly, Não podemos matar ela. Sei que você era amigo dela, sabe
como ela é, não é má.
-Antes
dos acidentes não tinha uma pessoa que não gostava da Holly Miller. As meninas
queriam ser suas amigas e os meninos o seu namorado. Ela me treinou para entrar
na equipe de basquete, eu era bom, mais não o bastante, eu não teria entrado se
não fosse por ela. E a Mel era a melhor amiga da Holly. Acho que a única pessoa
de Village Wood que sempre odiou ela era a Emma.
-Eu não
sabia – falei – Mais um motivo, não podemos falar para Cina.
-Eu não
sei Ben, isso pode dar errado – ele parou por um momento – Emma Grimmer.
-O que
é que tem ?
-Qual o
motivo para ela odiar Holly Miller, agora a maioria pode ter medo e querer
distancia, mais odiar, e ela sempre, sempre odiou ela. Porque. Será que ela
sabe.
-Bom,
para chamar alguém de Bruxa.
-Ela
está envolvida. Ela sabe Ben, e sabe mais que isso.
-Mais
que Holly é uma vampira?
-Muito
mais. Vamos descobrir.
-Não
podemos, para investigar a Emma temos que envolver a Holly. Não podemos
envolve-las, Cina vai ligar tudo.
-Não
vamos contar para a Cina. Mais se fugir do nosso controle...
-Tudo
bem – sorri – Obrigada.
Agora,
4 horas após a minha conversa com Hank. Mais eu ainda estava pensando, porque
eu queria que Cina não ficasse sabendo de Holly, eu não queria ver a pequena
morta mais ela poderia me matar. Então eu estava totalmente confuso.
Não
posso me basear só por um pedaço de papel. Me peguei pensando. E se eu fizesse
testes, não isso me parece uma bobagem só, mais pensando bem não me custa
tentar. E também é uma boa hora para provar se esses mitos vampirescos são só
apenas mitos ou não.
A
parada do alho, pensei, e também tem agua benta e a estaca de madeira. Passei a
noite tentando lembrar dos mitos, me lembrei de mais alguns como a falta de
reflexo e não sair em fotos. Eu iria ter
de testar isso tudo, então amanha vai ser um longo dia.
Capitulo
14
Não era exatamente o domingo que
eu tinha planejado, mais era por uma causa nobre. Ou pelo menos pela minha
vida.
-Aonde vamos? – perguntou Holly
pulante a animada.
-Alguns lugares, fazer algumas
coisas – falei rindo.
-Assim não vale, que trapaça –
ela deu um soco sem força em meu braço.
-Já foi a um circo?
-Não – falou ela.
-Então iremos – ela abriu um
lindo sorriso – Mais primeiro vamos a praia, porque esse sol está me matando, e
lá tem bastante luz, uma brisa incrível e sorvetes.
-Adoro sorvetes e brisa – falou
Holly adiantando o passo.
Chegamos a praia, o calor lá nem
era tão grande quanto no subúrbio, mais o sol era muito forte, queimava minha
pele, e se Holly fosse uma vampira, ia sofrer com isso.
-Está um pouco forte o sol, não?
– comecei.
-Sim. Mais a brisa está boa, e
além do mais, temos de aproveitar. Faz um sol tão gostoso assim em Village Wood
uma vez na vida e outra na morte, não devemos nos trancar em casa como...
-Vampiros? – arrisquei.
-Ía dizer outra coisa, mas também
serve – ela sorriu.
Holly não possuía aversão ao sol.
Mais isso não significava que ela não era um ser da noite pronto para me
espetar os dentes. Então continuei com minha investigação.
Andamos até a lanchonete perto da
praia, estava bem cheia e ficamos um tempo para conseguir lugares. Na fila
reparei como Holly estava bonita. Ela usava um vestido que batia no final de
suas coxas, ele era florido e delicado, com babados bordados nas pontas,
possuía alças finas que realçavam seus braços delicados e finos. A estampa floral
desbotada do vestido parecia viva na pele esbranquiçada de Holly, seus cabelos
estava soltos, e com um laço, prendendo uma pequena mexa voltada para trás. Ela
estava inquieta e ficava mexendo os pés de forma engraçada, seus sapatinhos
pareciam os de uma boneca, feitos de pano e costurados.
Holly normalmente se vestia com
blusões e vivia com pijamas, e já era bonita e quando se arrumava parecia um
anjo, toda delicada e... Tenho de parar de pensar nisso e voltar com o meu
plano.
-Dois sanduíches integrais com
bastante alho – vampiros odeiam alho, vai ser fácil.
Pegamos o pedido e saímos pelos
fundos, nos sentamos em uma enorme dispensa de lixo, feita de ferro, e com uma
enorme tampa que servia de bancos. Não era o melhor lugar para ficar, mais
estávamos longe da agitação do restaurante e caso uma vampira resolvesse reagir
ao alho.
-Gosta de alho? – perguntei – Eu
não, mais estou experimentando coisas novas – falei.
-Também não gosto muito – ela
abocanhou a comida- Mais de vez em
quando não vai me fazer mal, certo?
-Certo – falei.
Errado. Devia fazer mal, Holly
era uma vampira, então porque a luz queimante do sol e nem o alho a afetava?
-Soube que fechou todas as
matérias na escola – falei, enquanto terminava meu lanche.
-Sim, mas como soube? – ela
limpou os dedos no guardanapo.
-Fala sério Holly. Porque não
admite logo que é popular – brinquei – Todo mundo de Village Wood sabe quem
você é. Todo mundo da escola tem uma história com você, suas notas são o de
menos.
-Não são motivos bons... pelas
quais tocam meu nome – falou ela meio emburrada – E não são histórias
interessantes ou amenos memoráveis. Um
esbarro no corredor, um jogo no campeonato, um recreio – citou ela – grandes
coisas.
-As minhas são – falei – Passeios
por lugares vazios com lobos uivando, um “clubinho secreto” , pizza com molho,
confusões na escola. Um beijo no meu quarto – ela abriu um sorriso tímido.
-São histórias medianas – ela
falou brincando.
Holly deu um pulo de onde
estávamos sentados e esticou o braço.
-Não vamos ficar aqui o dia todo.
Não é?
Me levantei. Ainda tinha um teste
para fazer, e um circo para ir.
-A fila está grande – falou Holly.
-E que tal se andarmos por aqui
mesmo, tem tantas bancas - apontei ao
nosso redor – Algodão doce, espetinhos, jogos de argolas, casa dos espelhos.
-Claro – falou ela – Vai ser
divertido.
Ela sorriu e me agarrou no braço
me puxando pela área a fora. Meu plano inicial era esse, levar Holly a casa dos
espelhos, eu sabia que o circo estaria
lotado, por isso escolhi o ultimo horário, para não termos uma outra opção de
horário, e assim ela não ficaria desconfiada. Estou realmente bom nisso.
Compramos um algodão doce cor de
rosa, achei bem caro, mais comida de feiras ambulantes nunca eram baratas, e
nem saudáveis.
-Não devia comer tanto disso – falei
apontando para o algodão doce de Holly já no final.
Ela riu. Lambendo os dedos.
-Gosto disso – falou devorando o
ultimo pedaço – Você não? – ela virou a cabeça como um cachorrinho de olhos
brilhantes.
-Sim, mais não vou devorar o meu
em uma mordida – ri zombando do ato dela, ela também riu.
Dei uma mordida maior no meu,
tentando não ficar muito para trás, mas Holly já havia acabado mesmo afinal.
Terminei o meu, desviando de uma roubo de algodão doce feito por Holly.
-Ei - falei reparando em seu rosto – Está com um
pouco de açúcar no queixo, e no resto do rosto – brinquei.
Ela passou a mão no rosto,
tentando se livrar do açúcar mas não conseguiu.
-Saiu? – perguntou com seus olhos
arregalados e brilhantes.
-Não - ri, ela estava tão fofa e delicada como só
Holly sabe ser – Deixa eu te ajudar.
Talvez me arrependesse disso para
sempre, talvez não. Puxei seu rosto para perto do meu. Beijei sua boca
delicadamente, e dei uma leve lambida no seu queixo, removendo o açúcar e
adoçando minha boca. Eu a beijei novamente e recuei. Seus olhinhos brilhantes e
enormes se arregalaram para mim.
- Vamos – a puxei pela mão – A
casa de espelhos não vai nos esperar para sempre.
Ela sorriu e me seguiu. A entrada
da casa dos espelhos era um tanto sombria, parecia mais a casa dos horrores.
-Tem certeza que não é a casa dos
horrores? – perguntou Holly com um tom de medo na voz.
-Estava pensando nisso – a
encarei – Não tem medo disso, certo?
-N N Não - gaguejou ela – Só não gosto de espelhos e
lugares sombrios.
-Não seja boba – segurei a mão
dela – Eu estou aqui.
Ela sorriu delicadamente.
Entramos na casa, era bem escura, e por enquanto nenhum espelho. Seguimos
andando, o caminho ficou totalmente escuro, Holly apertou minha mão, e apertava
cada vez mais a cada passo, até que achei uma gracinha ela ter medo. Mais
voltei a me concentrar no meu plano, seguimos andando e demos um encontrão em
uma parede, recuamos um pouco e vimos uma luz no fim do caminho escuro.
Seguimos a luz, ou pelo menos eu
segui, estava quase arrastando Holly, podia ouvi sua respiração acelerada.
Chegamos sobre a luz, havia uma porta, com uma placa que dizia algo, mais a
iluminação não era suficiente para ler o que estava lá.
Abrimos a porta e entramos, logo
de cara dei um enorme espelho, e a sala se iluminou, parecia um
labirinto de espelhos e passagens quase secretas. Mais para minha surpresa
Holly possuía reflexo, e que reflexo.
Pude ver por seu reflexo, uma
lagrima gravada em sua bochecha.
-Não acredito, Holly – me virei
para ficar de frente com ela – Via chorar por causa de uma casa boba? –
enxuguei sua lagrima.
-Não gosto de escuro. E esses
espelhos são muito assustadores – ela falou meio sem jeito.
-Holly – sequei sua lagrima –
Você é linda sabia? – encarei seus olhos arregalados e molhados.
-Não – ela riu delicadamente –
Porque não sou - ela colocou a mesma
mexa que eu havia posto para trás, que já havia caído de novo para frente.
-É sim – toquei de leve sua
bochecha – A mais bonita, delicada e angelical de todas.
A beijei novamente, seu beijo era
doce e macio, como ela, e um pouco sofrido como ela sempre estava, e gelado, a
beijei mais intensamente e depois de um tempo ela se afastou.
-Vamos embora- falou me puxando
pela mão.
-Porque? O que eu fiz de errado?
-Nada – ela sorriu – Só não gosto
daqui, me sinto vigiada. Acho que são os espelhos, roubam nossa identidade.
Eu ri.
-Só você mesmo, Holly.
A segui para fora da casa.
-De onde tira essas coisas?
-Já me perguntou isso – ela
sorriu – E já respondi, eu não sei de onde, apenas sei. E a culpa não é minha,
é dos espelhos, e da falta de iluminação, e da falta de manutenção e ...
-Já entendi, não vou dizer para
ninguém que tem medo – sorri para ela.
Estávamos caminho para fora da
fera, e a caminho de casa.
-Não me importa os outros – ela
deu um sorriso dolorido -Não sei se você
reparou mais... não tenho muitos amigos.
-Não me importo – falei – Melhor
assim.
-E porque seria melhor? – ela
chutou uma pedrinha no caminho.
-Porque você está sempre
disponível – ri olhando para ela.
-Ei – ela me empurrou de leve –
Isso não foi muito gentil.
Caminhamos uma pouco mais, até
chegarmos na nossas casas. Holly atravessou a rua e acenou de longe. Esperei
ela entrar e entrei em casa. Meu pai já estava dormindo, entrei no meu quarto e
me joguei na cama.
Então Holly não era uma vampira.
Mais isso não muda nada do que eu tinha visto nos seus exames. Eu estava tão
confuso.
continua...
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