terça-feira, 28 de agosto de 2012

Web Encabulado parte 1


Capitulo 1

-Pode me ajudar com as malas? – perguntei para meu pai que abriu a porta do taxi todo risonho.
                -Meu garoto – disse ele, Vitor Davis o meu pai, me abraçando e me deixando sem ar – Quanto tempo, quase que não te reconheço.
                -Vai me ajudar com as malas? – repeti a pergunta, nunca fui bom em reencontros ou com sentimentos, muito menos em lidar com o meu pai.
                -Claro – ele foi até a porta malas e pego uma das malas, eu peguei a outra. Paramos na frente de casa, pelo menos eu parei, fiquei olhando. Realmente fazia muito tempo que eu não vinha para cá, me lembrava de pouco daqui, da casa e de tudo, até do meu pai.
                - E então vai ficar só aí fora? – perguntou ele já na porta.
                Agarrei a bagagem com a mão e percorri o jardim, que me parecia muito menor quando eu era criança. A casa estava diferente de que eu lembrava tudo me parecia ser enorme aos oito anos, mais agora com 17, acho que o teto ficou mais baixo. Limpei o pé no tapete da entrada, meus sapatos estavam um pouco enlameados. Coloquei a bagagem na entrada, a sala, o sofá branco estava bem no meio da sala, a TV enorme bem de frente, uma mesa com muitas porcarias entulhadas também.
                -Desculpe a bagunça – falou ele colocando minha mala no pé da escada – Não tive muito tempo para arrumar a casa, estou tendo muito trabalho.
                -Tudo bem – falei olhando tudo, eu estava um pouco curioso, queria ver a casa toda – Acho que agora a casa vai ficar um pouco mais bagunçada, comigo por aqui.
                Ele sorriu.
                -Gosto de bagunça – sua risada era engraçada, e eu não me lembrava dela.
                -E como está sua mãe?
                -Bem – parei um minuto – Só não quero falar sobre ela.
                -Tudo bem. Você que manda.
                -Posso ir para o meu quarto? – perguntei voltando a segurar a mala.
                -Não precisa pedir, a casa é sua. Tudo aqui é seu. Pode andar e fazer o que quiser quando quiser meu filho.
                -Ok – sorri meio sem jeito, depois de morara a vida inteira com minha mãe você se acostuma a pedir até para beber um copo de agua – Pode me mostrar onde fica?
                -Claro – ele subiu a escada na minha frente, ele parou  na frente da segunda porta, havia três.
                -Um banheiro, meu quarto e seu quarto – ele pegou a chave e destrancou a porta - está limpo, mais ainda tem tudo que você deixou aí desde que se mudou.
                -Faz nove anos – falei assim que ele destrancou.
                -Eu sei – ele empurrou a porta e passou com as malas, até a que eu antes segurava. O segui.
                Entrando no quarto, ele era maior que o meu quarto na casa da minha mãe, a cama era baixa, mais tinha tudo que eu precisava. E bastante espaço, tinha carrinhos nas prateleiras, e uma moto de brinquedo no chão do quarto, havia um urso velho na prateleira, seus olhos eram de botões pretos, havia uma porta retrato com o vidro trincado, e uma bola caída ao lado da cômoda. É eu tive uma boa infância, pena que não me lembro de muita coisa.
                -É, está tudo aqui mesmo – brinquei.
                -Não sabia se ia querer alguma coisa, então não mexi em nada – ele recolheu a bola do chão, uma bola de basquete, e lançou para mim – Resisti a tentação de montar um escritório para mim varias vezes – ele me lançou a chave do quarto, a agarrei.
                -Sério?
                -Claro, confio em você. E além do mais não há motivos para que eu fique com isso – sorri como agradecimento – Vou descer se precisar de alguma coisa da um grito.
                -OK – ele ia saindo do quarto quando o interceptei – Estou feliz de ter vindo para cá.
                -Eu também – papai acenou com a mão e saiu do quarto.

                Após morar minha vida toda só eu e minha mãe. Então me e acostumei com o fato de não ter nenhuma privacidade, e ter minha vida controlada vinte e quatro horas por dia. Sempre brigamos muito, sempre por causa disso, ainda mais agora. Um homem precisa de privacidade e fazer o que quer, e estava cansado de conviver com tudo isso, e as brigas, já estavam tomando um caminho que eu não queria para a minha história.                                                       Eu não sei muito de meu pai, o máximo de contato que tínhamos, era através de e-mail nas datas comemorativas, minha mãe nunca fez questão de que fossemos visita-lo então me acostumei a não ter um pai. Mas agora achei que era a hora de mudar um pouco, espirar um novo ar, e voltar para o lugar onde eu nasci. E mesmo fazendo exatos quarenta minutos que estou  aqui, gosto muito mais do meu pai do que da minha mãe.
                Deitei minhas malas no chão e as abri, comecei a tirar as roupas e coloca-las no guarda-roupa, no fim da tarde já havia guardado tudo que trouxe. Peguei o saco de lixo para jogar umas embalagens foras, fiquei muito tentado a jogar aquele urso velho fora, mais eu fiquei com um pouco de pena, ele me lembrava de algo bom, então apenas o sacudi para tirar a poeira e o arrumei na prateleira. Acho que sou o único garoto de dezessete anos no mundo que tem um urso de pelúcia.                                                                                                                                                             Havia um despertador caído atrás do móvel, o endireitei e coloquei na cabeceira da cama, ia precisar dele. Espero que funcione. Coloquei a bola no canto do quarto, junto aos sapatos, havia um cesta de basquete na garagem aberta, isso eu me lembro, poderia jogar nas horas vagas.
                O quarto estava arrumado. Não demorou muito afinal. Desci as escadas, meu pai estava na cozinha.
                -A proposito, tem algum apelido? – perguntou ele – Ou quer que eu te chame Benjamin?
                -Ben, e nunca mais repita esse nome de novo – o ameacei mais minha risada dedurou de que não era nada sério.
                -Falei com sua mãe quando você nasceu. Você vai traumatizar o garoto com esse nome, mais ela acha esse nome lindo, e você sabe, ninguém discorda dela.
                -É, eu sei – ficamos quieto por um segundo, isso sempre acontece quando alguém fala comigo sobre ela – Então o que vamos jantar – quebrei o silencio.
                -Bom, a julgar pelos meus dotes culinários vamos comer um delicioso frango queimado com molho de ervilhas. Mas eu não garanto que esteja bom.
                Enchi a colher com o molho de ervilhas, parecia delicioso. Coloquei na boca. Mais não, definitivamente não estava delicioso, estava um horror. Cuspi tudo na pia e depois escovei os dentes.
                - Pelo jeito acho que não está tão bom assim – brincou ele.
                -Bom? Isso não está nem comestível.
                -Então o jeito é ter que pedir uma pizza. Ele me arremessou o celular. É melhor decorar o numero, vai precisar muito.
                -É, pelo visto sim.
Disque o numero, não demorou muito para a pizza chegar. Ao abrir a caixa da pizza a fumaça quentinha e gotosa com um cheiro devastada de queijo derretido e bacon fez minha barriga roncar. Não usamos pratos, coloquei um pouco de molho de mostrada e mel no meu pedaço, estava uma delicia, ainda mais depois daquele traumatizante molho de ervilhas do papai.
Acho que vou levar um pedaço para os vizinhos da frente, a família Miller, eles sempre me mandam comida, a senhorita Marcy sabe que eu não mando muito bem no fogão, são muito gentis comigo sempre.
-Não precisa explicar, faça o que quiser com a pizza – sorri, bati as mãos umas nas outras para que a o farelo se desprendesse.
-Vou ligar para lá para que mandem alguém buscar.

Ele se levantou e caminhou até o telefone de parede, diferente do celular que me entregou para que eu ligasse para pedir a pizza. Ele batucou algumas vezes no fio do telefone cor de amarelo, e ficou em silencio por uns segundos.
-Boa noite, Marcy – e a conversa se iniciou – Sim, está tudo bem. Não, dessa vez não queimei nada, só o frango. Da próxima vez faço algo mais fácil. Não zombe dos meu dotes culinários. Eu pedi uma pizza, sei que é a comida favorita de alguém aí, se quiserem comer, ainda tenho uma caixa fechada, que não vou demorar muito para abrir – ele ficou em silencio por mais alguns segundos – Dieta, isso é coisa de mulher mesmo. Mas é a minha campeã não vai querer um pedaço não. Dormindo? Joga essa garota da cama, isso são horas de dormir – algumas risadas – Então vou esperar, mais fala que não me responsabilizo se acabar antes dela chegar aqui. Boa noite senhorita Miller, pra você também, tchau.
-Parece que são amigos – falei, abrindo a outra caixa.
-Sim, muito bons amigos. Faço o máximo que posso para ajudar a família Miller.
-Ajudar?
-É uma família muito julgada, Ben, eles não têm muitos amigos. Isso não é bom para a garota que não tem culpa de nada.
-É a lei da vida, sempre sobra para os filhos – dei a primeira mordida – Sei como é.
-Sua mão não é fácil não é?!
-Nem um pouco, por isso se separou dela.
-Sim, eu pensei muito, mais eu estava ficando maluco, não tinha espaço nem para respirar, então abri mão de tudo. E ela foi embora e te levou, sem ao menos dizer tchau.
E mais uma vez minha mãe estragava minha noite perfeita de sexta-feira, meu pai também ficava chateado ao falar dela. A campainha tocou, fiquei feliz, odiava quando o clima ficava pesado daquela maneira, e não havia encontrado nenhuma maneira de mudar de assunto.
-E aí campeã – disse meu pai abrindo a porta todo sorridente.
-Boa noite senhor Davis – falou uma voz doce e alegre – Sabia que eu estava dormindo?
-Mas é um bom motivo, pizza, esqueceu?
-Se tiver molho, é um ótimo motivo.
-Tem sim – ouvi a porta fechar.
-Então é um prazer.

                Então entrou na cozinha uma garota, ela tinha estatura mediana, tinha longos cabelos loiros bem clarinho presos em um rabo de cavalo, e olhos enormes de uma cor deslumbrante, nem verdes, nem azuis, nem cinzas, nenhuma cor que eu já tenha visto antes, ela estava com um roupão roxo que parava na metade da cocha e estava descalça.                                   Logo atrás veio meu pai.
-Oi – falou ela sorridente, até mais que meu pai, o que era difícil.
Sorri como resposta. Ela se sentou no balcão e pegou um pedaço da pizza.
-Filho, essa é Holly Miller, nossa vizinha da frente.
-Oi – falei um pouco sem jeito, como eu já disse antes, sou péssimo com apresentações – Eu sou o...
-Sei que você é – falou ela, mordendo a pizza.
-Ele não se lembra de muito daqui Holly – falou meu pai também pegando um pedaço da pizza, outro pedaço.
- É uma pena – ela deu um meio sorriso.
-Esse menino tem uma cabeça meio fraca – falou ele rindo em deboche a mim.
-Ei, estou aqui – revoguei meu direito de defesa.
-Puxou ao pai – brincou a garota.´
-Eu não zombava de mim se fosse você, eu paguei a pizza lembra – riu ele.
-Claro, claro. Retiro o que disse.
-Vai querer molho?
-Sabe que sim, mostarda e mel.
-Passando o molho – disse papai arremessando a embalagem em direção a ela.
-Então – disse ela lambendo os dedos – Bem – falou meu nome bem devagar – Pretende começar a escola essa semana mesmo?
-Não sei, acho que sim.
-Então tem sorte, essa ultima semana foi só de provas, semana que vem eles vão pegar bem leve.
-Que bom então.
-Holly, Holly, Holly. Devia incentivá-lo a estudar e não livra-lo das provas.
-Me fez sentir como se fosse uma garota má.
-E é, as vezes – ele fechou a caixa de pizza. Havia acabado.
Ela se levantou do balcão e bateu as mãos, por causa do farelo, assim como eu tinha feito antes.
-Então eu vou indo. Amanha é dia de passear com os cachorros – ele pegou a caixa de pizza vazia e levou para jogar no lixo – Boa noite e obrigado pela pizza.
Ela encenou com um tchau. Meu pai pegou a jarra com o molho e colocou na pia, estava vazia. Lavei as mãos para tirar a gordura, fui para o banheiro, precisava de um banho.
Depois do banho gelado para tirar o suor, me deitei na cama para relaxar. Não devo ter demorado muito para dormir.

continua...

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